Se você trabalha com design ou edição de imagens e usa Linux, a novela do "quando teremos o pacote Adobe (ou Affinity) no pinguim sempre foi uma novela. Mas parece que o jogo está virando. Desde a aquisição do Addinity pela Canva e o lançamento da nova fase do software, as barreiras começaram a cair — tanto no preço quanto na compatibilidade (graças à comunidade).
Vamos entender o que está acontecendo e como você pode rodar essa suíte no seu Linux agora mesmo.
O que é o Affinity (agora Affinity Studio)?
Para quem esteve numa caverna nos últimos anos, o Affinity era a única alternativa real de compra única (sem assinatura) para competir com o Photoshop, Illustrator e InDesign.
Recentemente, a Serif (criadora do software) foi comprada pela gigante Canva. O resultado dessa fusão foi o lançamento do Affinity Studio (ou versão 3). A grande mudança? Ele se tornou um aplicativo unificado. Em vez de baixar três programas separados, você tem um único ambiente que alterna entre edição de foto, vetor e diagramação.
Mas é gratuito para usar?
Aqui está a bomba que pegou todo mundo de surpresa em 2025: O Affinity tornou-se essencialmente gratuito para o uso essencial.
A Canva mudou o modelo de negócios. Em vez de cobrar pela licença do software, eles liberaram o uso das ferramentas de design gratuitamente. A monetização agora é focada em:
Recursos de IA (Canva AI Studio): Se você quer usar preenchimento generativo, expansão de imagem e filtros neurais na nuvem, precisa de uma assinatura Canva Pro.
Integração Profunda: Sincronização avançada de equipes e bibliotecas na nuvem.
Para nós, usuários de Linux que muitas vezes só queremos o bom e velho editor vetorial ou de bitmap local, isso significa ter uma suíte de nível industrial de graça e legalizada.
A portabilidade para Linux: Expectativa vs. Realidade
A Canva prometeu olhar com carinho para o Linux? Sim. Eles lançaram um .deb ou .rpm oficial? Ainda não.
A expectativa futura é que, com a base de código unificada e o poder financeiro da Canva, uma versão nativa possa surgir. Mas, por enquanto, a versão oficial do Affnity é só para Windows/macOS.
Mas a comunidade não esperou.
A Solução da Comunidade: AppImage e Wine "Mágico"
Cansados de esperar, desenvolvedores da comunidade open-source criaram várias soluções. A melhor delas, que vi até agora e automatizada é um AppImage que faz todo o trabalho pesado:
- Baixa o instalador oficial do Affinity.
- Baixa e configura uma versão customizada do Wine (ElementalWarriorWine) otimizada especificamente para corrigir os bugs de renderização do Affinity.
- Instala as dependências chatas (como .NET moderno e bibliotecas gráficas).
O resultado é que você clica, instala e o programa abre como se fosse nativo. Sem terminal complexo, sem configurar prefixos do Wine na mão.

Limitações
Nem tudo são flores. Embora a performance esteja incrível (aceleração Vulkan funcionando bem em muitas GPUs):
- Recursos de IA: Podem falhar ou travar dependendo da implementação do WebView2 no Wine, já que exigem login e conexão com a API da Canva.
- Aceleração de Hardware: Em algumas placas Nvidia proprietárias, pode exigir ajustes extras.
- Wayland: Pode apresentar erros visuais se não estiver forçado a rodar via XWayland em alguns casos.
Links para Download e Instalação
A forma mais simples hoje é através do AffinityOnLinux que automatiza o processo.
- Projeto no GitHub (Script/AppImage):github.com/ryzendew/AffinityOnLinux
Dica: Se você usa Arch ou Manjaro, verifique o AUR, pois já empacotaram essa solução lá.
Conclusão: O futuro do Design no Linux
Ver uma suíte desse calibre rodando gratuitamente (e de forma estável) no Linux é um divisor de águas. Isso remove uma das últimas desculpas que prendiam designers ao Windows: "não tenho ferramenta padrão de mercado".
Com ferramentas como Inkscape e GIMP evoluindo, e agora o Affinity rodando via compatibilidade quase perfeita, o Linux se torna uma plataforma viável para agências e freelancers criativos. Se a Canva mantiver a promessa de abertura, podemos estar vendo o início de uma nova onda de migração para o pinguim.